Café virtual

susigsantos@hotmail.com diz:
vamos tomar café?
susigsantos@hotmail.com diz:
acabei de passar
william-gomez@hotmail.com diz:
adoro muito
william-gomez@hotmail.com diz:
queria muito
william-gomez@hotmail.com diz:
sem nada mais
william-gomez@hotmail.com diz:
só o café
william-gomez@hotmail.com diz:
amargo e forte.




Até logo!

Acabei de comprar um caderno daqueles sem arame (brochura) e uma caneta. É pra eu organizar meus poemas e textos tudo nele. Futuramente, num futuro bem distante, pretendo publicar um livro. Não sei se ainda estou preparado pra isso.

Poxa, hoje mais cedo senti algo ruim. Lá no colégio. Alguns colegas despedindo-se de mim. Foi uma sensação que sei lá, não queria que acontecesse. É como se cada um seguisse sua vida. Uns prum lado, outros pra outro. (o que é, na verdade) Desejando sucessos, enfim. É um adeus forçado. Fazer o quê né?



Quero muito agradecer a:

Bárbara pelas músicas, livros, textos. Pelas massagens de graça, mesmo que sou eu quem dou. Pelas risadas que eu provoquei. (O seu rosto) Por ser algo lindo e puro que me faça ficar horas e horas olhando sem cansar de ver. Por me apresentar a Chico Buarque e Marisa Monte. Por me mostrar que Jô Soares escreve muito bem. Por despertar em mim o prazer de ler. Por me mostrar o lugar onde a felicidade transborda. Por me tornar essa pessoa que escreve, que lê, que canta, que ouve um bom som; que sabe escolher as boas coisas. Valeu moça dos brincos. "Deus lhe pague."

Anderson pela parceria em alguns poemas. Por ouvir. Por contar. Pelas conversas no ponto de ônibus. Por ter me apresentado a Arnaldo Antunes, graças a isso posso viajar sem passagens. Pela paciência. Pelo café no intervalo. Valeu véi. "Deus lhe pague."

Os outros não são restos. São partes. Tem um pouco de cada um aqui dentro.

Sinceramente, desejo a vocês (meus colegas) um futuro brilhante. Uma carreira supreendente e uma vida simples e prazerosa. Segurem as rédeas com força e galopem livremente.


Obrigado pelo ano e pelas lembranças que viajarão através de muitos.


(Clique na foto para melhor vizualização)

Link da foto:http://www.people.vcu.edu/~gbearman/photos.htm

Mentes oculares - Anderson Sévlla e William Gomes


Num precipício qualquer
Vejo a cura de todo sofrimento,
A beleza do novo nascimento,
Vejo o que não se ver
Vejo por dentro dela o legítimo desejo
Do corpo proferir-se
E brotar a fumaça do cansaço
Do riso sardônico
Que provocara tantos outros

Nesse mundo maluco onde um fim e o começo
De alguma resposta
Encontrei-me quando tava perdido nesse jardim
Em meio à flores mortas
Por pegadas de gente apressada
Que não sabe o que é um contemplo

Pessoas vêm e vão, querendo alcançar o infinito
Numa viagem perspicaz
Através de horizontes que estão gravados em sua mente
Sem saber que ao longo pode se deparar a um abismo,
Onde sempre quis chegar.
Mesmo assim ainda creio
Que o arco-íris preto e branco irá brilhar.


, Inverno de 2007

Vácuo - William Gomes 28/10/2007


Daqui de dentro não existo
Só ouço gritos e gemidos
Em rumores longínquos
A luz enfraquece.
Adaptável respirar
Objetos furta-cor voando por fora do vácuo
Bicam a casa frágil
Modelando constelações.

De PAPO com o silêncio


(Fico devendo uma foto aqui do lugar que eu citarei abaixo. Aguardem!)


Enquanto eu estou aqui, penso nos que estão lá dentro vendo um filme ridículo, dormindo ou jogando papo fora. Não troco meu novo recinto. Quer saber como cheguei aqui?
Depois do almoço; do cochilo de olhos abertos numa gostosa e antiga cama, resolvi sair.
Se pra chegar à casa de minha avó eu corto uma estrada à esquerda, resolvi voltar ao local do corte e fui caminhando reto. Dei no fim da estrada. Subi à direita e acabei aqui, sentando num pedaço de madeira bem embaixo de uma árvore de galhos secos. Fui ler minha revista ali mesmo. Afinal, ela tem tudo haver com todo esse clima aqui. O sol batia sua quentura no tronco da árvore e ela projetava uma sombra fresca em mim. Ao olhar para cima, vi somente os galhos pretos rachando o inocente azul do céu. O silêncio daqui entra dentro de nós e nos embala; nos faz pensar em tanta coisa. Queria tirar uma foto disso e compartilhar essa visão com vocês. Volto lá quando tiver. Enquanto isso, fico devendo.
Ah, se todos eles tivessem ao menos uma gota de simplicidade para descobrir lugares como esses. Um grande refúgio pra alma. Na próxima vez, já sei onde terei um encontro. Fechei o mês satisfeito.









William Gomes acaba de achar um pedaço do paraíso em 30/09/2007

Duas reflexões num só dia

Ah... como eu tenho tanta coisa pra falar. Já são umas 22 horas e mais alguns minutos. Não sei se estou com sono ou cansaço...

Vamos por parte e ordem.

Eu sou mais uma daquelas pessoas que têm preguiça de cortar o cabelo. Mas tive que cortar, porque hoje à noite apresentarei uma palestra com o tema: “Sexo na Terceira Idade”. Cortei o mínimo que podia. Mas ainda sim deu pra perceber que cortei. Acho que um dos fatores que me dão essa preguiça, ou pode até ser raiva, é que o cabelo fica muito “certinho”.
Pois é, quando cheguei no salão, o cabeleireiro ainda não estava. Não o que corta o meu cabelo, somente o outro (são dois). Já havia um homem na espera. Sentei e fui ler minha revista Vida Simples. Depois de alguns minutos o cabeleireiro chegou. O cara que estava na espera foi cortar o cabelo e eu fui ler minha Vida Simples. (Bocejo) (Não no salão, aqui em casa, agora mesmo.) Pulando os minutos de espera, chegou a minha vez. Coloquei a revista junto aos instrumentos de trabalho do cabeleireiro e o boné em cima da revista.
Zuuuuuuummmmmmmm. Zuuuuummmmmmmmm. A máquina começou a fazer barulho. Minha cabeça estava escorada em meu braço. Estava com um tédio tão grande. Virava a cabeça prum lado, depois pro outro... Pronto! Vamos à lavagem – a melhor parte. Acabou! Sentei novamente e o tédio continuava. Agora era o tlec, tlec, tlec da tesoura e o xisk, xisk, xisk, da lâmina. (Iria escrever Gillette, mas Gillette é marca, né?)
Enquanto o tédio me corroía eu estava pensando se ele não enjoava disso tudo. Todo dia sempre a mesma coisa. Ele disse que trabalhava numa padaria e ficou lá 5 anos; disse que lá ele entregava, comprava, etc. Tinha vários cargos diferentes. Depois eu perguntei se ele não tirava férias... (Porque desde que entendo por gente nunca vi esse salão fechado por algum motivo desse tipo.) ...ele disse que tem 13 anos (13 anos!!!) que não tira. Pasmei. Expliquei pra ele que se fosse eu, já teria enlouquecido. Ele explicou que tem vontade de ganhar na loteria; sair; conhecer várias praias, etc. E disse também:
- Pra quê tirar férias, pra ficar aqui mesmo (em Brumado)? Ligar a TV de manhã e ver Xuxa? Quando você tem internet em casa é bom.
Ainda estava encabulado com os “13 anos”.
- Agora vou pensar no futuro de meus filhos. – disse ele.
- Sim, mas quem vai pensar em seu futuro? – eu questionei ele.
- Ãh? – ele não compreendeu.
- Mas quem vai pensar em seu futuro? – repeti.
- Ah, isso é. – respondeu muito pouco conformado.
Ele pegou o espelho grande da parede e colocou contra o espelho em minha frente, para eu ver como está o cabelo. Confirmei um “sim” com a cabeça, como todas as vezes eu faço. Acho isso inútil. Quem sou eu pra saber se o corte está errado, ou algo assim.
- Tá bom. – confirmei. Peguei a revista, coloquei o boné e saí.
...
Cheguei em casa e depois de alguns minutos, fui estudar para a palestra (Sexo na Terceira Idade). Copiei tudo numa folha e fui lá pro quarto de minha mãe. Li. Reli. Gravei. (Ah, isso é uma espécie de avaliação da disciplina Educação Física. Fiquei com a apresentação da palestra; outros com dança, avaliação física, música e a confecção do folder. O projeto chama Viver mais - Viver melhor.) Cansei.
...
Marcamos para às 18:50, no Clube da Terceira Idade. Cheguei na hora. Estava lá com a folha na mão tentando decorar alguma coisa porque o que já havia decorado tinha esquecido, de puro nervosismo.

...
Acabou que chegou a hora. Fui no centro e falei no microfone! (Ahhhh, como odeio microfones.) Eles estavam atentos. Eu li quase tudo, quase tudo mesmo. Queta! Um nervoso do caralho. Logo, logo acabou. Sentei trêmulo junto a minha colega que apresentou antes de mim. Sabe aquela sensação que bate quando você acaba de fazer algo e acha que ainda vai fazer? Pois é, isso é fruto do fracasso. Nem parece que apresentei. Ficou ridículo.
O tempo passou e me descontraí com dois copos de água. Ah, depois disso foi uma maresia. Tudo calmo, normal.
Acabei medindo a pressão do pessoal. (Aquela dos batimentos cardíacos.) Eles, da terceira idade, são muito legais. Gente simples, humilde, alegre. Tomara que eu seja assim também. Parece difícil. Tirei foto com duas senhoras lá, que são a auto-estima em forma de gente. Podemos ver isso no rosto deles. Invejáveis. Fiquei feliz ao longe, observando-os. A simplicidade que eles têm, é coisa de outro mundo. De um antigo mundo cheio de respeito e graça, que não volta mais. Será que eles são os últimos habitantes desse antigo mundo? Tomara que eles possam nos contagiar com tudo isso.
Eu estava no antigo mundo quando estava com eles. Me sentia mais simples, sorridente e protegido. Era como se todos esses problemas mundanos não existissem ali, naquele momento. Queria escrever mais, mas não sei o que dizer. Ah! Quero chamar a atenção aqui para a atenção deles. Quando eu estava medindo a pressão deles, estava com todo o cuidado do mundo. Prendia a pulseira vagarosamente, com medo de apertar demais. E depois eles me questionavam perguntando se estava normal e tudo. Me senti muito bem em poder ajudá-los. Tudo o que eu mais desejo a eles é Saúde, Paciência e Felicidade. Com as outras coisas agente brinca.
(Bocejo) Vou indo porque estou com muito sono, amanhã tem aula e ainda tenho que arrumar meu quarto. (Bocejo)
Cuide-se.



_ _ ZZZZZZZZ


WILLIAMGomes, 25/09/2007

Ceticismo Particular - William Gomes 22/09/2007


É..., tá difícil ir avante. Queria saber como seria a próxima. Igual a essa não pode ser. E se pra essa mudar, eu precisar desistir de saber sobre a outra e revirar tudo ao redor? Mas se eu quero sair dessa, como eu posso me envolver nela mais ainda? E o pior não é isso. O pior é que se sou eu quem decide. Como posso ficar jogando questionamentos pro ar? Porém, se eu guardar esses questionamentos comigo mesmo enlouquecerei (mais ainda). Isso é o que dá quando se pára para pensar na vida - ao menos, em sua vida... Minha pilha não recarrega mais. Tá pra esgotar. Como faço pra conseguir outra? Apelo pra energia celestial? Pera... Acho que sei onde achar. Devo encontrá-la no apego familiar, no carinho dos que acompanham o seu dia-a-dia, no interesse dos que querem saber como foi o seu dia. Como se tivesse. Quer dizer, tenho! Mas não sei se estão nesses, ou em outros, que ainda ei de desvendar nesse mundão cheio de pilhas a espera da última carga, a minha recarga. É... Acho melhor sentar e desligar. Talvez assim a resposta/recarga chega. De que adianta ficar gastando energia pra pensar em mais energia? Cadê a reciprocidade? Vou me poupar pra outros momentos desses. Vou desligar porque não pode ficar muito tempo ligado assim, se não gasta demais. Essa energia aí é cara. Só ligue-a quando for pra pensar em apertar o botão vermelho, ela te faz mudar de idéia. Tá vendo agora? De tanto gastá-la já nem penso mais em desativá-la. Eu quero é ir avante. Avante! Avante! É, eu sei que gasta, mas quando você pensa em seguir mais adiante ela vai também. Quando você pára pra pensar no gasto, ela vai descarregando. Logo, tente não pensar mais nela. Siga sua vida. E daí se acabar a potência? O importante é que você foi. Que você gastou ela tudinho – até não pôde mais. Vou tentar... OFF



WILLIAMGomes, última recarga em 22/09/2007

Pretérito Mais-que-perfeito - William Gomes 10/09/2007

7:50. O sinal tocou. Como em meu colégio é sala ambiente, dirigi à sala de Filosofia. O professor esperou todos chegarem e se acomodarem. Logo em seguida, ele começou a chamar o nome e cada aluno deveria ir buscar o seu texto. Esses foram os textos dos alunos que não estavam numa outra aula ou dos que fizeram novamente porque os primeiros textos estavam incompreensíveis. Exemplo, o meu. Talvez porque não tinha entendido o que ele realmente tinha proposto. Fiz outro. Perguntei a ele o que achou desse outro. Ele juntou os lábios e balançou a cabeça, mostrando um “mais ou menos bem negativo”. E nesse vai-e-vem de alunos eu estava no fundão conversando com um colega.
Todos os textos foram entregues. Mas... cadê o meu, ora? E quando eu ia perguntá-lo...
- Eu queria pedir um momento de atenção a vocês para eu ler um texto. Chama Futuro do Pretérito. – disse ele à atenção dos alunos.
Eu olhei pro lado e falei baixinho com o meu colega.
- Renato, é o meu texto.
Depois desse momento eu fiquei simplesmente imóvel, paralisado. Só ouvindo e olhando pro povo. Todos estavam quietos, todos mesmo.
“Meu Deus! Não acredito.” – pensava comigo mesmo. Hoje é meu dia. Vai pro blog. Após as últimas palavras do Futuro do Pretérito, ele disse:
- Essa foi a melhor coisa que eu já li nesse ano feito por um aluno...
Pausa. Só quero que vocês me imaginam imóvel nesse momento. Totalmente pasmo. Continua.
- Esse foi o texto de William.
Levantei com a maior cara de bobo. Olhando e rindo pro pessoal, pra demonstrar a humildade, fui buscar meu texto. Voltei e sentei lendo a observação que ele escreveu em minha folha:
“Muito bom. A melhor coisa que eu li, escrita por um aluno este ano.”
Logo a baixo de sua assinatura tinha um belo 10,0!
(Só quero lembrar aqui, que em momento algum estou me gabando, ouviu? Minha missão aqui é apenas compartilhar e fixar minha felicidade nesta página.)
E após esse ocorrido, a aula seguiu normalmente. A próxima eu matei.


Ah, vocês querem ler o texto? Tá aí em baixo.


Futuro do PRETÉRITO

Quem nessa vida nunca teve a sensação de que o mundo está correndo cada vez mais depressa? Os dias estão cada vez menores. E a culpa de toda essa velocidade é nossa. Devemos isso graças à tecnologia, à chegada da notícia mais rápido e de nossa própria maneira de pensar no futuro, deixando de lado tudo aquilo que está em nossa frente. Vale a pena fazer tudo hoje pensando no amanhã impreciso? Já parou pra pensar que pode ser o mundo quem está querendo nos acompanhar?
Todas essas tarefas feitas de uma só vez, que fazemos ao correr do dia, fazem parte, principalmente, da nossa (IN)eficiência. Inteligente/eficiente é realmente aquele quem faz mais coisas em pouco tempo? Pra uma cultura que associa viver mais depressa com inteligência e felicidade, pode ser. Se tantos credos afirmam que o nosso futuro está guardado, para que tamanha pré-ocupação com ele?
Esse tão sonhado futuro não passa de um presente atrasado.


WILLIAMGomes, 03/09/2007

A Visita - William Gomes 09/09/2007

Manhã de Domingo. Tinha acordado há algumas horas. Estava na cama lendo Madame Bovary de Gustave Flaubert, quando ouvi leves batidas na porta. Levantei e fitando a porta de longe imaginava quem poderia ser. Outras leves batidas. Voltei ao quarto e troquei de roupa. Desci e abri a porta. Eram duas senhoras de terceira idade, logo não tinha percebido que eram Testemunhas de Jeová. Não me chateei, só achei que não seria propício ouvir palavras sagradas naquele momento de sonsidão minha. Cumprimentei-as com um simples “OI”.
- Está ocupado? – uma delas perguntou, escorada na parede da porta.
- Estava lendo. – disse.
- A Bíblia?
- Não. – respondi sem explicar o que estava lendo.
- Mas ler é bom também. – explicou a outra.
- É pra escola?
- Sim.
Logo em seguida ela explicou que seria rápido e que leria uma passagem pra refletir. Acompanhei a leitura com os olhos. Mateus 6, versículo 33-34:
“Pelo contrário, em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas. Portanto, não se preocupe com o dia de amanhã , pois o dia de amanhã terá suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade.”
Depois ela explicou que devemos primeiramente, buscar a Deus e que as outras coisas virão conseqüentemente. Falou também que nós preocupamos com coisas tão pequenas como comida, roupa, sendo que Deus dará tudo isso pra nós. Ela disse algo que me chamou muito a atenção: explicou que ninguém vê um pássaro guardar comida pra outro dia porque Deus sempre dará a ele o alimento. Automaticamente olhei pro céu, nem sei porquê. Fiquei muito pensativo. Logo eu que tanto reclamo disso e daquilo. É hora de mudar umas coisinhas.
- Bom estudo. – desejou a mim.
- Brigado pela leitura. Foi muito bom. – agradeci.
- Tchau.
- Tchau.
Fechei a porta e subi. Queria que elas demorassem mais, que lessem outra e outra. Voltei ao quarto. Peguei aquela bíbliazinha azul que é dada pelos Gideões, é resumida sim, mas é ótima para leituras rápidas, e marquei com o marca-texto esse trecho. Não sei se voltarei a lê-lo novamente, mas sempre que reclamar de coisas tão pequenas me lembrarei. Agora só resta esperar outras dessas visitas. Rápidas, porém proveitosas.

Dois trocos da mesma moeda - William Gomes 24/08/2007


Tarde normal, iguais a tantas outras. Entrei no supermercado. Precisava trocar um real por duas moedas de cinqüenta centavos, ou de quaisquer outros valores. Mas, por ironia do destino a mulher do caixa respondeu ironicamente e ignorantemente:
- Não tenho! - sem nem ter o trabalho de olhar pra conferir.
- Tá certo. – respondi.
Dei meia volta e pensei: “Pensando bem...”. Acabei de dar mais meia volta e fui ver alguns doces. Hum... Peguei uma geléia, daquelas que tem a metade amarela e metade vermelha, custava uns dez ou quinze centavos. Aproximei do outro caixa que tinha uma mulher atendendo um vendedor e esperei. Coloquei a geléia ao lado da cédula de um real e esperei. Ela fingiu que não me viu. Continuei esperando. Saí e fui trocar a geléia por um chiclete que custava cinco centavos. Pronto, esperei. Chegou um cliente e esperou na fila atrás de mim - ainda bem que ele chegou, senão estaria lá até agora. Ela me viu novamente e percebeu o cliente atrás de MIM. Chamou a outra mulher que estava desocupada, aquela eu já havia conversado antes, e disse:
- Ô “Fulana”, atende ele lá no outro caixa que eu vou demorar um pouco aqui...
Imediatamente ela disse:
- Ah, eu não tenho dinheiro trocado ali não! – e foi em direção ao outro caixa para atender-nos.
Eu e o cliente fomos pro outro caixa e eu fui o primeiro a ser atendido. Lógico. Deixei o chiclete ao lado da cédula de um real na mesma posição e fiquei olhando. (Uma pausa – quero falar aqui sobre essa cena. Foi linda, o chiclete virado pra mim, ao lado do real. E o balcão completamente vazio.)
Ela pegou o dinheiro e falou diretamente com o CLIENTE, como se eu não estivesse lá:
- Deixa eu trocar o dinheiro ali!
Foi no escritório. E trocou!
Sem dizer absolutamente nada, me atendeu. Me deu de troco: uma moeda de vinte e cinco, duas de dez e uma de cinqüenta centavos. Conferi. Muito bem trocado. Saí satisfeito mascando o chiclete.
...
Há alguns tantos e tantos dias antes disso, naquele mesmo local aconteceu outro momento, digamos, diferente. Mas dessa vez foi com a mulher que estava no outro caixa.
Fui comprar algo que eu não me lembro. Custou R$1,98. Dei dois reais. E esperei, não o troco:
- Você vai querer uma bala ou os dois centavos de troco? – ela me perguntou ironicamente e ignorantemente.
- Não. Vou querer que você embale pra mim.
- Não custava nada você embalar! – respondeu ela brutalmente enquanto embalava.
- Mas quem é pago pra embalar aqui é você! – devolvi a brutalidade.
Saí felizmente e realizado.
Depois disso, nunca mais saí de lá sem nada desembalado.
...
Com tantos momentos marcantes assim, como mudo de supermercado?

(Não citarei o nome do supermercado devido a tamanha consideração minha com essas atendentes sorridentes e simpáticas, que a cada dia nos enche de Obrigados, Bom dias e tudo mais...)

Lúgubre - William Gomes 15/08/2007


Triste ocaso malfadado
Escancarados meus segredos deixaram
Páginas caídas aos azulejos
Do corpo oco emoldurado.

O que são desejos?
Reflexos do sentido oculto?
A tríade trepida:
ser, querer e ter
Convulsão de emoções
Sensações a explodir dentro de mim.

Malévolo fim
De mim já me arrebatou
O elixir me faltou
Jocoso estopim.

Foto:Brites dos Santos

Sente - William Gomes 26/07/2007



Sentimento
Sem ti, minto
Sem mente
Calo meu sentimento

Compreendo
Em ti, me prendo
Te repreendo
Estou comprometendo.

Foto: Luis Ferreira

O menino de asas - William Gomes 24/07/2007


Decidido vai
Opondo o vento
Ligeiro danado
Despede-se da alba
Corcel dos ares
Envolve o pensamento
Cantarolando acalantos
Preenche o espaço
Aplausos escassos
Enfeita o céu
de pena e de dó
Adormece sorumbático
Faceira gravidade
Em odores funéreos
na cama de rosas
A alma voa em asas furadas
E decidida vai
Do corpo moldado
Sobre os devastos espinhos
Só restou a plumagem
Livre e leve
Segue seu destino
em itinerantes aragens.

Agradecimento pela foto a Binho Brill.

Desde o Primeiro Dia

Desde o primeiro dia em que te vi
Eu te segui com o olhar
Fui atrás dos seus passos
Do seu rastro no ar
Vasculhar seu amor
No que eu pudesse achar
Nas cartas pelo chão
Retratos no mural
Pedaços de canções pra mim
Desde o primeiro dia em que te vi
Eu conheci o amor
Mais real, mais bonito
Que eu podia inventar
Como um cais pra nós dois
Sabia até cantar
As frases que depois
Você iria usar
Os beijos que eu não posso mais
Viver sem encontrar
Sem te contar
Do tempo que eu levei
Pra te achar
Hoje acordei com frio
Hoje, meu amor
O quarto está vazio
Desde o primeiro dia em que te vi
Eu te perdi sem saber
Te esqueci escondido
Congelado em mim
Flor no vaso a morrer
Mas eu não vou chorar
Eu busco o eterno sim
Até onde não há
No ar o nosso amor em vão
Que eu amo até o fim
Até virar a nota da canção
Ilusão


Composição: Guile Wisnik & Chico Pinheiro
Foto de: Alfredo Ventura de Sousa

Meu Amor Se Mudou Pra Lua

Cai a tarde sobre os ombros da montanha onde me largo
O dia não foi, a noite o que será
Meus cabelos pela grama e eu sem nem querer saber
por onde começo e onde vou parar

Na imensidão da manhã
meu amor se mudou pra Lua
Eu quis te ter como sou
mas nem por isso ser sua

Vou adiante como posso, liberdade é do que gosto
O dia nasceu, azul é sua forma
Já não quero mais ser posse, fosse simples como fosse
Um dia partir sem ganchos nem correntes

Façamos um brinde, façamos um brinde
à noite que já vai chegar
Façamos um brinde, façamos um brinde
ao vento que veio dançar.
Música do CD:Só Nós - Paula Toller
Composição:Nanung

Poderio inusitado - William Gomes 19/07/07


O pouco tempo que passo contigo
É o suficiente pra te querer muito mais
Eu queria poder me exibir mais
Ah, se meus desejos realizassem
Queria fazer de meus dedos
O mais perfeito manuseio
Envolvê-los em teus cabelos
Sentir cada fio faiscando as veias
Córregos de desejo
Bombeios de emoções
Até tudo isso chegar em meus olhos
E notar tua presença
Em coisas pequenas, simples e vãs.

O pouco tempo que passo contigo
É o suficiente pra te servir muito mais
Eu ficarei onde quiseres
Todos seus quereres farei
De seus orgasmos, o executor serei.
O pouco tempo que passo sem ti
É uma eternidade finda
Gasto essa tua ausência em lembranças
Lembro dos poucos movimentos horários
Que passeei em tua mansa voz
Reparando em seu corpo
Defensivo e invadido diminutivo
Vontades querem perfurá-lo
E a cética distância domá-lo.

Estrela D'água - William Gomes 13/07/2007


Relevante vai o barco
Solitário divagando
Entre brisas e luzes
No horizonte do engano

Sobe sobre o vento
Seu destino é o céu
Remado de vanglória
O barquinho de papel

Calma que o sol chegará
Pra secar-te labaredas
Repleto de gotas
Futuras estrelas.

Declaração implícita - William Gomes 12/07/2007


Querer-te é um engano
Repare em minhas intenções
Serei teu engodo
Veja o que há detrás.
Eu chamo, escrevo e canto
Cada momento nosso é tão ligeiro
Inocência é o que penso.
Entre em minha mente
Sinta-se à vontade
Faça dela sua evidência
Só não mexa em suas fotos.
O tempo é tão breve
Não me veja enquanto te vejo
Não quero que meus olhos desviem de ti
Teça a linha das horas
Impeça que ela avance
Meliante natureza
Indecisa entre exibir ou esconder.
Debaixo da verde grama
Estarei em teu solo só
Zombando de nossas vidas
Só quero que note e conserte os furos.
Está tão claro,
A distância ajuda a ver tudo.
A distância ajuda a evidência.
(pra "você")

Foto: Nuno Guerreiro

Três sextilhas – William Gomes 01/07/2007


Sob a breve existência do riso
Está a finda alegria que o consome
E diverge-se tudo aquilo que o corpo pressente
Remanescendo a gota do errado em suas lentes oculares
Que reconhece entre vultos
A verdade metafórica da tristeza.

Além das adormecidas vias vitais
Se acaba todo esforço demasiadamente úmido
Das águas do corpo entediado
Como plumas à ventania
Colidindo-se à rigidez dos troncos
Imóveis na mesma monotonia.

A face exibe a experiência vivida
Para o saber da mente e o conforto do corpo
Modificando o gesto do sentimento oculto
Revelando aos poucos suas deformidades
Até chegar a um conceito prolixo
Através das limitações das escolhas.
Foto: Leonardo Braga Pinheiro

Feliz aniversário! - William Gomes 29/06/2007

Chegou o dia. Tudo está diferente. Parece que tudo gira ao seu redor. As pessoas te vejam com olhos "de sabe lá o quê" e a vida parece mais colorida. Só porque o dia e o mês "coincide" com o do seu nascimento é motivo pra festejo, cumprimentos, carícias, sorrisos, presentes, tudo que você merece. Por que você é mais prestigiado quando chega o seu dia? Quanto mais cumprimentos você recebe mais o nome BOBO destaca em sua testa. (Nem todos.) São tantas felicitações obrigatórias que de nada servem para expressar aquilo que realmente diz. Era como se pedíssemos por isso. Os presentes fazem parte da peça sem eles não há elenco e é uma ótima forma de retribuir a festa que terá à noite. Será que amigo é aquele que realmente lembra? Será que tudo isso realmente necessita? Deixa esse show pra outro dia. O melhor presente é não lembrar. Deixar a pessoa feliz vendo ela como sempre viu, deixando-a viver a vida normalmente em seu cotidiano. Mas não, já está no costume mundano de desejar aquilo que não sentimos, de presenter àqueles que não merecem e de olhar tudo com retribuições. Chega de tanto fingimento. Pra ser presente não precisa ser material. Pra desejar não precisa ter data. Pra homenagear não precisa de atitudes corretas. Pra se ter um dia feliz não precisa esperar pelos outros. Faça-o. Será bem mais verdadeiro. Compre um bolo, bata palmas, ria, pretigie-se, faça um pedido, chame um amigo e divida suas emoções independentemente. Crie o seu aniversário, crie o seu dia e divida-o com quem quiseres, porque a felicidade é feita para ser dividida com a sinceridade.
Feliz aniversário!

Deus, o diabo e seus brinquedos - William Gomes 19/06/2007


Eu vagueio pelo mundo
Sob os olhares dos maciços
Além de me impingir mais além
Me distanciam mais do céu
E Deus só fica lá de cima
Vendo tudo à espreita
Pronto pra mexer as cordas,
Ele anseia por uma trepidação.
Não a faz,
Pois o de baixo tá vendo tudo
À espera do rompimento.

Sinto desfazendo-me
Procuro a corda em todos os membros
...Onde será que Ele pôs
Quando achar pode ser tarde demais.

O fogo já me consome entre as inferioridades
Eles puxam em sentidos opostos
O que Eles realmente querem?
Divertir-se com seus próprios brinquedos
Frágeis.
Preferem os mais novos,
São mais fáceis de manusear.

Se cansam
Deixam-os de lado
A brincadeira não tem mais graça
Nada de novo.

A vida é assim mesmo.
Todos à espera do novo jogo
Sem regras.
Os que já perderam apenas torce
Pros que ainda lutam
Já sabendo do resultado final.

Fatalidade - William Gomes 17/06/2007




Por você
Eu me jogaria do mais alto precipício
Rolaria entre brasas incandescentes
Gemeria a noite toda
Dissiparia a carne
Mostrando minha alma

Eu me perderia entre rosas e espinhos
Escreveria sobre atitudes dissimuladas
Por você
Eu daria minha vida toda

Eu quero fazer parte de ti
Poder te ver a qualquer hora
Ver um dia de acabando
Entre cores e aragens
Contemplar o éter que nos vigia
A cada passo, a cada gesto

Eu te trancaria em meus pensamentos
Te guardaria em minha canastra
Junto a meus brinquedos e meus recortes

Por que tu só aparece em minhas palavras?
Por que só existe quando penso na solidão?
Por que eu me chocaria entre as ondas?

Porque tu estás dentro de mim
E que brinca com meu corpo
A cada pensamento
Me balança na escuridão do silêncio
E me deita nas espumas do mar
Onde durmo vagarosamente
Deixando o vento guiar
Meu corpo um tanto cicatrizado
De um amor nesfasto.

Ao encontro de Deus - William Gomes 10/06/2007


Casebre no meio do vazio
Vadio em busca do balanço
Canso e páro o tempo
Vento o preto da noite
Foi-se mais um estrela
Vermelha da boca celeste
Esteve comigo na minha viagem
À margem do vago riacho
Cacho de fruta madura
Que dura até que despenca
E pensa que lá no alto era melhor
Corre que o sol não tem pena
Despena as horas num tempo só
Pode ser que ele cessa
Apressa, o curto é intervalo
Eu falo o que vem primeiro
Ligeiro eu penso num jeito
Sujeito quem te deu esse nome
De fome matou a própria sede
Na rede descansa
Na dança sem graça
Passa a mão no peito e dorme
Acorde pra vida
Que a fila do martírio cresce
E padece o pacóvio
De ódio erra o caminho
Sozinho vai ao encontro de Deus
Que lhe deu uma vida pacata
E ata as suas mãos
Que são de pura aflição
Em vão retoca tua alma
E acalma o fim do mundo
Vagabundo passa pelo paraíso
Arisco corre ruas e vielas
E ela o atiça em suas pernas
Magrelas as sombras somem no horizonte.

Candura - William Gomes 07/05/2007


O sol que traz o amanhã
Dá ao firmamento uma gota de audácia
A mesma gota desse sol
Me repercute numa imagem eficácia

A lua que fecha a tarde
Tem um mistério pálido
Que alumia um sorriso sereno
Deixando seu poder mais cálido

A candura que me traz aqui
Doa uma conscisa sensação
Me levando até ti
Feito um ágil arpão
Que penetra brutalmente
Chamuscando teu coração.



Casinha Branca - Gilson & Joran

Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo em minha frente
Nada que me dê prazer
Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tantos sonhos perecer
Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal, uma janela
Para ver o sol nascer
Ás vezes saio a caminhar pela cidade
Á procura de amizade
Vou seguindo a multidão
Mas me retraio olhando em cada rosto
Cada um tem seus mistérios
Seu sofrer, sua ilusão

À violinista - William Gomes 24/05/2007


Seu som avisa que a noite já vem
Seus ruídos me prendem
Me sacrifico ao máximo
Para descobrir em qual mundo tu estás
Se são de cores, não sei
Queria estar mais perto
Tornando as notas, fonemas ditos pelos anjos
Aumente esse som
Aproxime-se mais
Quero sentir o cheiro da brisa inquietante
Que o outono vem trazendo
E amarelando as folhas com suas lágrimas
Ressecando-as
Dando à elas acordes genuínos
Só mesmo tu para tirar todo meu pecado
Minha honorável ira
Sinto-me flutuando entre lírios
Abraçado por uma relva límpida
Me esquecendo de ti
Pelo menos enquanto não ouvir
Algo tão deprimente
Quanto outro rumor
Saindo de um violino tocado por fadas.

Minha vida sem mim - William Gomes 14/05/2007

Como a vida é singela
Ela mesmo mata quem dela participa
Ela mesmo junta quem mais se antonima
E ela mesmo se auto-destrói
Construindo novas vidas
Que podem dar certo
Achar uma outra vida e dela
produzir uma só filosofia
De segurá-la mais tempo
Para poder descobrir o inexistente sentido
De ser uma máquina
Que produz sonhos e ilusões.

Afoito desvario - William Gomes 12/05/2007


Peço a Deus que me revele sua face
Que vincule a você todas as minhas veleidades
Minhas curiosidades
Tudo em seu momento exato
Me abrindo de pouco a pouco
Dilacerando meu peito
Para que cada válvula mande uma emoção diferente
Alterando meus sonhos
Minhas teses da vida
Até que cada parte de mim
Converta-se numa balsa
Que percorra todos os córregos de seu corpo
Fazendo um movimento rítmico
Nos conduzindo a uma incansável viajem
De fantasias
Tornando-nos uma só matéria
Esculpida pelo sutil som das ondas
Que leva a solidão do peito
Trazendo em suas espumas
o mais doce deleite.

Vertigem - William Gomes 29/04/2007



A apnéia abre as portas
Meu corpo pára
Minha alma pesa
Abro os olhos e não vejo
Me sinto um nada
Tudo que farei será em vão
Porque meu destino sempre será esse
Entre todas as formas
E todos os corpos
Tudo indica que minha identidade
é inútil
Começando com uma alma pueril
E encerrando com uma morte febril
Me prendendo a esse ciclo vicioso
De dores e faces
Que no fim
Tudo se torna demasiadamente vil.

Trecho de livros

“Piada trágica, a vida! Passar noves meses num ventre materno, insento de tôda compreensão e de qualquer luz. Tudo numa infância arrastada, bêsta. Virar homem! Lutar incrivelmente como se se debatesse contra a morte que viria certa, segura e fatal. Mas que somente viria quando bem desejasse, evidenciando sua grande e cruel personalidade.”
(José Mauro de Vasconcelos em Rosinha, minha canoa.)

“Sua qualidade era exatamente não ter quantidade, não ser mensurável e divisível porque tudo o que se podia medir e dividir tinha um princípio e um fim. Eternidade não era a quantidade infinitamente grande que se desgastava, mas eternidade era a sucessão.”
(Clarice Lispector em Perto do coração selvagem.)

Elba - William Gomes 10/03/2007


Te quero mais do que posso
Mais do que tenho
Tu és diferente
Me dá mais do que preciso
Será por desejo?
Por medo?
De te deixar
Um bilhete dizendo
Um adeus seco, sem poesia
Sem lembranças
Como uma história perdida no ar
Sem ninguém pra contar
Como uma música perdida nas vozes
Sem ninguém pra ouvir
Como uma novela perdida nos fatos
Sem ninguém pra consertar, distrair
Jamais farei isso
Seus homens sentem sua falta
Ao deparar com suas camas vazias, frias
Que tu passas deixando
Carícias, afetos, vontades
Encontrei em mim
Marcado com prazer
E escrito com batom.

Marisa - William Gomes 10/03/2007


Ah... Marisa
Quando penso em ti
Me vejo em seus olhos
As duas ardósias mais cintilantes que se pode ver
Elas refletem todo o meu sentimento
Me tornando mais vivo
Seu jeito, seu corpo
Me leva a lugares que eu não sei onde ficam
Que não sei se existem
Mas que me dão um certo privilégio
De estar perto, Marisa
Quando estou contigo fico dividido
Onde os dois gumes são teus
Meus lados, meu todo
Meu erro
De ter-te amado tanto
A ponto de esquecer de mim
De ver que já passaram horas, anos
Pra me libertar e ver
Que não era erro, era ilusão
Prazerosa, proveitosa ilusão.

Clarisse - William Gomes 10/03/2007


Te imagino trazendo seu jeito, seu cheiro
Me fazendo crer que não estou só
Que te tenho em minhas noites
Quietas e gélidas
Traga mais vida em minha vida
Mais companhia em minha saudade
Mais sorriso em minha dor
Clarisse
Imagino você me chamando
Sacudindo minha moleza, minha inocência
Tirando o peso da alma
Tornando minha manhã mais viva
Mais calma
Me mostrando o brilho no fim
A força nas flores
A beleza na loucura
Clarisse
E se não gostasse de mim ?
E se fosse verdade ?
E se eu não te quisesse ?
E se fosse mentira ?
E se fosse triste ?
E se fosse minha como sempre foi ?
E tudo isso tornasse vivo ?
E você, Clarisse, como é ?

Escuridão - William Gomes 19/02/2007


Quando fecho meus olhos
É você quem vejo
Vindo até mim
De braços abertos, se entregando
Por um instante me envolvendo
Com seu carinho, sua ternura
Queria que essa fantasia congelasse
As águas pousassem
Por um certo momento de prazer
Que ela ficasse sempre nítida
Em meu consciente inconsciente
Sólido, concreto
Não, não vá assim sem dizer adeus
Me despedindo apenas com um olhar inocente
Um sorriso me lembrando coisas
Que deveriam ter feito
Mas que a vaidade não deixou fazer
Não, ainda não
Porque tiras a luz no momento
em que mais preciso dela?
Como enxergarei seus sentimentos?
Pra poder saber o que realmente sentes por mim
Me engane, mas esteja comigo
Tua presença já é o bastante
Pra saber como está
Pra saber que ainda há esperança dentro de mim
De um dia poder ser minha
Mesmo que isto custe anos de solidão
Estarei esperando por você
De qualquer forma
Com qualquer forma
Pronto
Pode ir
Mas volte sempre que puder
Nem que seja ao menos pra trazer
Inspiração
Pra fazer um sonho como esse.