Prezar

não era bela. nem puta nem talvez donzela. apenas ela. olhar fixo ao chão, tão submisso a qualquer acaso, mas preciso. seus braços em duas arcadas suspensas nos ombros nus na camiseta, tinham as mãos deslizantes a acalmar a rebeldia silenciosa dos cabelos. alisava tranquilamente, desde a fronte até o encontro do polegar esquerdo. este sempre tão ligeiro, sustentava a réstia com suas mechas a girar sobre ele, numa dança lasciva que a si própria se prendia. um trabalho que denunciava o total obedecimento do corpo. aquele ato mantinha seu charme particular que não prevalecia idades nem classes. sejam avós, mães, ou menininhas. todas na expectativa para sua próxima missão. por fim, olhava as mãos. aquelas linhas que foram abrigos imediatos de vários fios de cabelo.

tudo belo, num simples prender de cabelo.

Asterisco

poema recém-nascido
pensamento falecido

tudo tão repentino.

O ter

Universo em instantes

quando o bem me quer
o mal enfrenta
duvido se meu corpo aguenta
esse movimento que desfaz
o universo em instantes
versos e sentimentos mutantes

decompondo eu vou aprimorando
meu acertos e os meus enganos
vou me renovando ao invés de ir andando.

Escuta aqui

eu quero uma vida de reserva
pra me entregar aos instintos
vinte anos são mais que precisos
aguardo ali, na sala de espera.

não sinto o gosto dos vícios,
da posse utópica de vida
esse quê saudável o qual me imponho
tô farto de sonhos.
seria eu uma reles latrina?