Casinha Branca - Gilson & Joran

Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo em minha frente
Nada que me dê prazer
Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tantos sonhos perecer
Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal, uma janela
Para ver o sol nascer
Ás vezes saio a caminhar pela cidade
Á procura de amizade
Vou seguindo a multidão
Mas me retraio olhando em cada rosto
Cada um tem seus mistérios
Seu sofrer, sua ilusão

À violinista - William Gomes 24/05/2007


Seu som avisa que a noite já vem
Seus ruídos me prendem
Me sacrifico ao máximo
Para descobrir em qual mundo tu estás
Se são de cores, não sei
Queria estar mais perto
Tornando as notas, fonemas ditos pelos anjos
Aumente esse som
Aproxime-se mais
Quero sentir o cheiro da brisa inquietante
Que o outono vem trazendo
E amarelando as folhas com suas lágrimas
Ressecando-as
Dando à elas acordes genuínos
Só mesmo tu para tirar todo meu pecado
Minha honorável ira
Sinto-me flutuando entre lírios
Abraçado por uma relva límpida
Me esquecendo de ti
Pelo menos enquanto não ouvir
Algo tão deprimente
Quanto outro rumor
Saindo de um violino tocado por fadas.

Minha vida sem mim - William Gomes 14/05/2007

Como a vida é singela
Ela mesmo mata quem dela participa
Ela mesmo junta quem mais se antonima
E ela mesmo se auto-destrói
Construindo novas vidas
Que podem dar certo
Achar uma outra vida e dela
produzir uma só filosofia
De segurá-la mais tempo
Para poder descobrir o inexistente sentido
De ser uma máquina
Que produz sonhos e ilusões.

Afoito desvario - William Gomes 12/05/2007


Peço a Deus que me revele sua face
Que vincule a você todas as minhas veleidades
Minhas curiosidades
Tudo em seu momento exato
Me abrindo de pouco a pouco
Dilacerando meu peito
Para que cada válvula mande uma emoção diferente
Alterando meus sonhos
Minhas teses da vida
Até que cada parte de mim
Converta-se numa balsa
Que percorra todos os córregos de seu corpo
Fazendo um movimento rítmico
Nos conduzindo a uma incansável viajem
De fantasias
Tornando-nos uma só matéria
Esculpida pelo sutil som das ondas
Que leva a solidão do peito
Trazendo em suas espumas
o mais doce deleite.

Vertigem - William Gomes 29/04/2007



A apnéia abre as portas
Meu corpo pára
Minha alma pesa
Abro os olhos e não vejo
Me sinto um nada
Tudo que farei será em vão
Porque meu destino sempre será esse
Entre todas as formas
E todos os corpos
Tudo indica que minha identidade
é inútil
Começando com uma alma pueril
E encerrando com uma morte febril
Me prendendo a esse ciclo vicioso
De dores e faces
Que no fim
Tudo se torna demasiadamente vil.