um homem de ventre baixo acabou em pizza
criava fome de assuntos importantes
num feed de notícias.

>>


sem acabamento

a capa que eu quiser
por
que você vê como

Cardíaco

um café
pra chamar de noite
amar é doce quando açúcardia.
ARVORECIDADE

inifito

ANTI-
de f i n  i    tt i   v               o.
é o mar que areia
o alumínio que espelho
de ver o céu todo perplexo
fora do meio-termo

quando a maré já era
quando a maré já nela
marejar vira lodo
e esse lado não me dilui.
desce pela atlântida um rio de skol blue
pela goela black o cadarço white
pela encosta da pele o eco "why"
mas why?
because hoje...
be cause também - não sei a prudência dessa verve
só desse verde
que ainda não coube na citação por falta do amarelo
mas o legítimo, ah o legítimo,
tá entocadíssimo.

poema-amplexo em parceria com Hemisfério Fulguroso.
a duras penas
o amor fica
leve pra dentro do peito a mordida dura.
um coelho na gema
que cai no buraco
quando a lua diadema.

film noir

na sombra do filme
flor que furta-cor
é crime.
muito que

de tanto vin
go u.
o pó
na pálpebra é remela
zíper nos cílios abriu quimera.

acalma que o que é de deus a_deus dará

não me olhe mole
que a gente desafina
passa batido o marido
passa perplexo o amante

minha ciência tá osso.
pára o camelô ambulante
...
e oferece o que tá caro
como quem vende um romance.

qual o perímetro do corpo quando o movimento tá ao contrário?

a nuvem de baixo
tem andado mais rápido
que a ideia que tá por cima
das cabeças aladas
quando percebo os lados
muda toda a perspectiva
e a dimensão continua
numa área invadida.
tem lugar que faz a ideia
se perder de onde se está.

estar nem aí nunca deu tanta liga.
o melhor das migalhas são os pombos.
daqui há
uma pequena vista do mar
e hoje eu nada

abraço ar.

Navegadora

não pense
que só porque
é de rodinha
a tua âncora
está isenta
de tua essência
mar´tima.

Exosfera, meu amor.

Hoje nós tivemos a tendência a virar chuva. Foi essa força da gravidade, que tá acontecendo sem fazer barulho quando a gente cresce - quando a gente some. Quando qualquer som que aparecer for consequência de algo que chocou, ou um atrito que explodiu. Daqui a pouco você evapora quando eu tomar meu café da manhã e perder o jejum. Reencontrar a mecânica dos dias entre aquilo que passou e isto que não nos deixa mentir quem somos. Lembrando que eu só estou dizendo isso para experimentar uma forma de me sentir suspenso enquanto a chuva me percorre. Um ponto vira uma exclamação quando chove. Uma nuvem vira crise. Há um desejo agora de me ascender. De trazer pra cima a beleza cansada de ser leve e tudo bem. E-le-var, um esquema cotidiano esse de tornar as coisas menos gravidade. Mas nos dias de folga eu te direi: 'vai pra mim, hoje' ou ‘vai por mim’... Vai, por mim, porque eu confio no amanhã, que só é vazio por eu desconhecer o que há de vir ao meu encontro pelo poder de estar vivo. Poder ser lido. Você, ele, aqueles e aquilo têm a capacidade de me variar - entre aquilo que passou e isto que não nos deixa mentir quem somos, mais uma vez.
Exosfera, meu amor.
eu sabia que Abigail deixou de existir já faz cinco semanas. e agora tem muito de memória nômade no ar à espera de uma brecha que a fagocite, e que a conecte entre aquilo que é por ora meu e por ora vindo.

e falando em vindo... era uma vez – ou duas, ou cinquenta vezes uma d-existência.
o defeito é a maturidade dos brinquedos
quando o conserto é válido
o tempo já é velho, e o vento
vai à pilha
pela trilha
entre o começo e a curva
falha.

dê um sopro pra ver se pega
ou pra ver se apaga.
minha quarta
meu salo
meu cozinho
minha banheira
meu caso
de amor pelos cômodos.

Ao Gusta

em noites de difícil acesso
fácil um café, que não resolve
a porta fechada que dissolve
a brecha aberta
da bicha aborto
purpurina solúvel na bolsa líquida:

o útero

é hétero, nasce.
se for do mesmo, cresce.

os tais















pouco me importa que você está em outro lugar.
os lugares também são, outros.
exceto os postais.

foto | Nick Bantock, Griffin & Sabine

bit


poeS/A


descalculando o que há demais e de menos.

se o que chamo de quarto é o que abriga o que chamo de corpo, e que está frio agora com uma xícara morna em repouso na coxa áspera, então está tudo bem. daqui a pouco eu morro morno. depois de ficar quinze horas esperando o abatimento do tempo me dizer que a camada solta e invisível que coloro quando desfilo pelas ruas do bairro ainda me pertence. até mesmo sem contar que a dízima que a vida multiplica por dias futuros é igual a todos os amanhãs que virão com mais cafés e subtração. daqui a pouco vem o momento que distrai o que chamo de pausa-perpétua-de-pensamento. vamos aguardar.
e ver o que ainda temos na despensa.

Henrique-cimento

Henrique-cimento
não faz jus à laje
reage a cada pedrada brita broca telha porca parafuso adentro
até vento abala
a estrutura
pertenci
-mento.

Indiana

alguma coisa oscila
às vezes vai
às vezes fica

os meses mudam de nome
e a gente muda de fila.

O cabimento entre uma caixa de papelão e uma caixa de texto

a caixa de papelão guarda um cansaço inato tão próprio que quem a vê de fora sempre acha que está cheia. as que ficam sempre no canto de qualquer cômodo tem em si a monotonia da forma exata do encontro perpendicular entre as paredes. do cabimento resolvido de um ângulo reto e egoísta. sua expectativa é estar ao ar livre esperando a chuva mais prolixa que a transforme em lixo. que lhe seja dada uma área infinita de cabimento impossível de ser calculada por uma fórmula. 6a² é igual a... há uma vontade de ser única e inexata. há uma vontade que parece natural de desocupar o espaço e de sentir-se abandonada. não gosta mais dos cantos depois que aprendeu a lidar com os desencantamentos. as cantadas sim, essas são engraçadas. nascem do lado de fora e envelhecem do lado de dentro. elas são tortas mesmo quando indiretas. que caiba uma eternidade em tudo aquilo que não tem cabimento.

Interruptores virtuais

virtualidade começa v
de vazão
de válvula
de escape para uma realidade mais amena

nosso perfil é mais firme
que o fio que nos conduz
porque induz a rede
ou
a quarta parede
entre o que chamamos de nós
quando a sós nos des-surportamos

nosso perfil é mais filme

curta sua paixão de clique

porque a gente também pode ser aquele que eu

shift
delete

backup

shift
delete

backup

shift
delete

backup

shit!

Fogueira se faz de paus múltiplos


tenho uma caixa de coágulos
em diversos ângulos
me permitindo ver por outros
lados
cinismo é sinônimo
de cu
quando tu
diz que tá em outro lugar
diz
mas quem vive o que diz
quando só sabe
cumprimentar os acontecimentos
com o riso da esfíncter?

quem arrisca acender
corre o risco de se queimar.

Como moedas de ferro num porco de plástico

com faca e foco
pronto pra tudo

no punho,
um assunto

sério e vazante.
Tem aquela sensação que ainda não deram um nome - igual como quando a gente deita e olha para os pés simulando uma caminhada aérea. Dura o alcance do fêmur.

n a s ( eu



Mastigando gelo

hoje eu destruí a antártida
mastigando gelo de iceberg

na minha barriga aquática o gelo improvisa
do cubismo ao contemporâneo.

do eletrodoméstico ao domesticado.