Re[capitu]lando

Cá estou, pós-livro Dom Casmurro e pós-microssérie Capitu. Ambos simultaneamente dilacerados por minha vã cogitação. Creio eu que a tão famosa, destacada e provável traição dessa moça de olhos de ressaca sobre nosso amigo Casmurro venha a se concretizar, ou não, dependendo do tamanho da malícia de cada par de olhos que os imaginam. Deixo uma releitura para o próximo ano. Talvez assim percebo alguma evolução vindoura em minha malícia, que até então é incapaz de julgar o tal adultério.

Se a minha escrita venha a ser modificada, nada mais é, devido à influência ainda fluente da narração acima citada.

Sessão privada

Logo cedo, enquanto ouvia o estalido amarelo da urina se jogando sobre a porcelana do vaso sanitário, ele enfim havia descoberto o momento mais propício para breves reflexões pós-noite ou pré-dia. Hoje, para iniciar essa nova habilidade, pensou em qual profundidade teria uma fossa para acumular excrementos suficientes de uma vida de cem anos. A causa dessa cogitação foi uma visão nunca vista de uma fossa às tampas retribuindo todo o arsenal de odores, tonalidades e consistências fecais. Uma orgia de estercos que nos torna tão iguais e homogêneos. E lá dentro de si, ele sabia que esse seria um justo presente oferecido pela Terra aos humanos. Ênfase nos humanos. Porque vale salientar a importância de queimar algumas fezes animais com o escopo de repelir insetos.
Quão bom seria se todos os seus problemas fossem como as fezes: um simples puxar de corda ou um aperto de botão os solucionassem. Talvez sejam, contudo a pressão da água nunca é suficiente.
Numa sincronia, sua mente descansa e sua bexiga esvazia. Logo a água é trocada e o vaso está de “braços” abertos novamente à espera de outra sessão privada.

O pardal

O pardal no poste
Enfeitando a cidade
Com seu tempo vago e sua malandragem.

O cidadão na rua
Sujando a cidade
Com seu tempo curto e sua vaidade.