Feliz aniversário! - William Gomes 29/06/2007

Chegou o dia. Tudo está diferente. Parece que tudo gira ao seu redor. As pessoas te vejam com olhos "de sabe lá o quê" e a vida parece mais colorida. Só porque o dia e o mês "coincide" com o do seu nascimento é motivo pra festejo, cumprimentos, carícias, sorrisos, presentes, tudo que você merece. Por que você é mais prestigiado quando chega o seu dia? Quanto mais cumprimentos você recebe mais o nome BOBO destaca em sua testa. (Nem todos.) São tantas felicitações obrigatórias que de nada servem para expressar aquilo que realmente diz. Era como se pedíssemos por isso. Os presentes fazem parte da peça sem eles não há elenco e é uma ótima forma de retribuir a festa que terá à noite. Será que amigo é aquele que realmente lembra? Será que tudo isso realmente necessita? Deixa esse show pra outro dia. O melhor presente é não lembrar. Deixar a pessoa feliz vendo ela como sempre viu, deixando-a viver a vida normalmente em seu cotidiano. Mas não, já está no costume mundano de desejar aquilo que não sentimos, de presenter àqueles que não merecem e de olhar tudo com retribuições. Chega de tanto fingimento. Pra ser presente não precisa ser material. Pra desejar não precisa ter data. Pra homenagear não precisa de atitudes corretas. Pra se ter um dia feliz não precisa esperar pelos outros. Faça-o. Será bem mais verdadeiro. Compre um bolo, bata palmas, ria, pretigie-se, faça um pedido, chame um amigo e divida suas emoções independentemente. Crie o seu aniversário, crie o seu dia e divida-o com quem quiseres, porque a felicidade é feita para ser dividida com a sinceridade.
Feliz aniversário!

Deus, o diabo e seus brinquedos - William Gomes 19/06/2007


Eu vagueio pelo mundo
Sob os olhares dos maciços
Além de me impingir mais além
Me distanciam mais do céu
E Deus só fica lá de cima
Vendo tudo à espreita
Pronto pra mexer as cordas,
Ele anseia por uma trepidação.
Não a faz,
Pois o de baixo tá vendo tudo
À espera do rompimento.

Sinto desfazendo-me
Procuro a corda em todos os membros
...Onde será que Ele pôs
Quando achar pode ser tarde demais.

O fogo já me consome entre as inferioridades
Eles puxam em sentidos opostos
O que Eles realmente querem?
Divertir-se com seus próprios brinquedos
Frágeis.
Preferem os mais novos,
São mais fáceis de manusear.

Se cansam
Deixam-os de lado
A brincadeira não tem mais graça
Nada de novo.

A vida é assim mesmo.
Todos à espera do novo jogo
Sem regras.
Os que já perderam apenas torce
Pros que ainda lutam
Já sabendo do resultado final.

Fatalidade - William Gomes 17/06/2007




Por você
Eu me jogaria do mais alto precipício
Rolaria entre brasas incandescentes
Gemeria a noite toda
Dissiparia a carne
Mostrando minha alma

Eu me perderia entre rosas e espinhos
Escreveria sobre atitudes dissimuladas
Por você
Eu daria minha vida toda

Eu quero fazer parte de ti
Poder te ver a qualquer hora
Ver um dia de acabando
Entre cores e aragens
Contemplar o éter que nos vigia
A cada passo, a cada gesto

Eu te trancaria em meus pensamentos
Te guardaria em minha canastra
Junto a meus brinquedos e meus recortes

Por que tu só aparece em minhas palavras?
Por que só existe quando penso na solidão?
Por que eu me chocaria entre as ondas?

Porque tu estás dentro de mim
E que brinca com meu corpo
A cada pensamento
Me balança na escuridão do silêncio
E me deita nas espumas do mar
Onde durmo vagarosamente
Deixando o vento guiar
Meu corpo um tanto cicatrizado
De um amor nesfasto.

Ao encontro de Deus - William Gomes 10/06/2007


Casebre no meio do vazio
Vadio em busca do balanço
Canso e páro o tempo
Vento o preto da noite
Foi-se mais um estrela
Vermelha da boca celeste
Esteve comigo na minha viagem
À margem do vago riacho
Cacho de fruta madura
Que dura até que despenca
E pensa que lá no alto era melhor
Corre que o sol não tem pena
Despena as horas num tempo só
Pode ser que ele cessa
Apressa, o curto é intervalo
Eu falo o que vem primeiro
Ligeiro eu penso num jeito
Sujeito quem te deu esse nome
De fome matou a própria sede
Na rede descansa
Na dança sem graça
Passa a mão no peito e dorme
Acorde pra vida
Que a fila do martírio cresce
E padece o pacóvio
De ódio erra o caminho
Sozinho vai ao encontro de Deus
Que lhe deu uma vida pacata
E ata as suas mãos
Que são de pura aflição
Em vão retoca tua alma
E acalma o fim do mundo
Vagabundo passa pelo paraíso
Arisco corre ruas e vielas
E ela o atiça em suas pernas
Magrelas as sombras somem no horizonte.

Candura - William Gomes 07/05/2007


O sol que traz o amanhã
Dá ao firmamento uma gota de audácia
A mesma gota desse sol
Me repercute numa imagem eficácia

A lua que fecha a tarde
Tem um mistério pálido
Que alumia um sorriso sereno
Deixando seu poder mais cálido

A candura que me traz aqui
Doa uma conscisa sensação
Me levando até ti
Feito um ágil arpão
Que penetra brutalmente
Chamuscando teu coração.