Duas reflexões num só dia

Ah... como eu tenho tanta coisa pra falar. Já são umas 22 horas e mais alguns minutos. Não sei se estou com sono ou cansaço...

Vamos por parte e ordem.

Eu sou mais uma daquelas pessoas que têm preguiça de cortar o cabelo. Mas tive que cortar, porque hoje à noite apresentarei uma palestra com o tema: “Sexo na Terceira Idade”. Cortei o mínimo que podia. Mas ainda sim deu pra perceber que cortei. Acho que um dos fatores que me dão essa preguiça, ou pode até ser raiva, é que o cabelo fica muito “certinho”.
Pois é, quando cheguei no salão, o cabeleireiro ainda não estava. Não o que corta o meu cabelo, somente o outro (são dois). Já havia um homem na espera. Sentei e fui ler minha revista Vida Simples. Depois de alguns minutos o cabeleireiro chegou. O cara que estava na espera foi cortar o cabelo e eu fui ler minha Vida Simples. (Bocejo) (Não no salão, aqui em casa, agora mesmo.) Pulando os minutos de espera, chegou a minha vez. Coloquei a revista junto aos instrumentos de trabalho do cabeleireiro e o boné em cima da revista.
Zuuuuuuummmmmmmm. Zuuuuummmmmmmmm. A máquina começou a fazer barulho. Minha cabeça estava escorada em meu braço. Estava com um tédio tão grande. Virava a cabeça prum lado, depois pro outro... Pronto! Vamos à lavagem – a melhor parte. Acabou! Sentei novamente e o tédio continuava. Agora era o tlec, tlec, tlec da tesoura e o xisk, xisk, xisk, da lâmina. (Iria escrever Gillette, mas Gillette é marca, né?)
Enquanto o tédio me corroía eu estava pensando se ele não enjoava disso tudo. Todo dia sempre a mesma coisa. Ele disse que trabalhava numa padaria e ficou lá 5 anos; disse que lá ele entregava, comprava, etc. Tinha vários cargos diferentes. Depois eu perguntei se ele não tirava férias... (Porque desde que entendo por gente nunca vi esse salão fechado por algum motivo desse tipo.) ...ele disse que tem 13 anos (13 anos!!!) que não tira. Pasmei. Expliquei pra ele que se fosse eu, já teria enlouquecido. Ele explicou que tem vontade de ganhar na loteria; sair; conhecer várias praias, etc. E disse também:
- Pra quê tirar férias, pra ficar aqui mesmo (em Brumado)? Ligar a TV de manhã e ver Xuxa? Quando você tem internet em casa é bom.
Ainda estava encabulado com os “13 anos”.
- Agora vou pensar no futuro de meus filhos. – disse ele.
- Sim, mas quem vai pensar em seu futuro? – eu questionei ele.
- Ãh? – ele não compreendeu.
- Mas quem vai pensar em seu futuro? – repeti.
- Ah, isso é. – respondeu muito pouco conformado.
Ele pegou o espelho grande da parede e colocou contra o espelho em minha frente, para eu ver como está o cabelo. Confirmei um “sim” com a cabeça, como todas as vezes eu faço. Acho isso inútil. Quem sou eu pra saber se o corte está errado, ou algo assim.
- Tá bom. – confirmei. Peguei a revista, coloquei o boné e saí.
...
Cheguei em casa e depois de alguns minutos, fui estudar para a palestra (Sexo na Terceira Idade). Copiei tudo numa folha e fui lá pro quarto de minha mãe. Li. Reli. Gravei. (Ah, isso é uma espécie de avaliação da disciplina Educação Física. Fiquei com a apresentação da palestra; outros com dança, avaliação física, música e a confecção do folder. O projeto chama Viver mais - Viver melhor.) Cansei.
...
Marcamos para às 18:50, no Clube da Terceira Idade. Cheguei na hora. Estava lá com a folha na mão tentando decorar alguma coisa porque o que já havia decorado tinha esquecido, de puro nervosismo.

...
Acabou que chegou a hora. Fui no centro e falei no microfone! (Ahhhh, como odeio microfones.) Eles estavam atentos. Eu li quase tudo, quase tudo mesmo. Queta! Um nervoso do caralho. Logo, logo acabou. Sentei trêmulo junto a minha colega que apresentou antes de mim. Sabe aquela sensação que bate quando você acaba de fazer algo e acha que ainda vai fazer? Pois é, isso é fruto do fracasso. Nem parece que apresentei. Ficou ridículo.
O tempo passou e me descontraí com dois copos de água. Ah, depois disso foi uma maresia. Tudo calmo, normal.
Acabei medindo a pressão do pessoal. (Aquela dos batimentos cardíacos.) Eles, da terceira idade, são muito legais. Gente simples, humilde, alegre. Tomara que eu seja assim também. Parece difícil. Tirei foto com duas senhoras lá, que são a auto-estima em forma de gente. Podemos ver isso no rosto deles. Invejáveis. Fiquei feliz ao longe, observando-os. A simplicidade que eles têm, é coisa de outro mundo. De um antigo mundo cheio de respeito e graça, que não volta mais. Será que eles são os últimos habitantes desse antigo mundo? Tomara que eles possam nos contagiar com tudo isso.
Eu estava no antigo mundo quando estava com eles. Me sentia mais simples, sorridente e protegido. Era como se todos esses problemas mundanos não existissem ali, naquele momento. Queria escrever mais, mas não sei o que dizer. Ah! Quero chamar a atenção aqui para a atenção deles. Quando eu estava medindo a pressão deles, estava com todo o cuidado do mundo. Prendia a pulseira vagarosamente, com medo de apertar demais. E depois eles me questionavam perguntando se estava normal e tudo. Me senti muito bem em poder ajudá-los. Tudo o que eu mais desejo a eles é Saúde, Paciência e Felicidade. Com as outras coisas agente brinca.
(Bocejo) Vou indo porque estou com muito sono, amanhã tem aula e ainda tenho que arrumar meu quarto. (Bocejo)
Cuide-se.



_ _ ZZZZZZZZ


WILLIAMGomes, 25/09/2007

1 glosas.:

Jean disse...

Sim, gillete é marca!
vai treinando as palestras, um dia fica tinindo! é foda mesmo..
mas microfones sao legais!
legal os efeitos sonoros no blog! ahiauha

lhe digo, nao se reproduza, criar filhos é mto foda hoje em dia, prefira as férias e conhecer o mundo! ahiaha
sei lá..

os velhinhos sao legais! com certeza estamos no antigo mundo..
pena que só pensamos em ser depois que pensamos em ter..
nao posso dizer nada, faço isso.. penso que é inevitavel, segue a maré..

legal o texto!
abraço