leitor de mão

se essa rua fosse mão
meu dedo mendigo faria jus
a sua chamada carente de assunto
meio de tarde, aquela impaciência
o trânsito assinando o tempo
os farois apontando nossas diferenças de classe
a infância em outra cidade
a rota de nossa história em cartas divinatórias
descrever é apontar recortes.
e o polegar é que fala em touch.

A imperatriz

A Imperatriz passou por mim
Atravessei a rua em estado de regar plantas
Olhei pra trás e havia uma memória de mãe
Possivelmente
Dada a circunstância
Ela piscou o olho pra mim
Como quem diz
Mantenha os passos firmes ao atravessar fogueiras.

O altar

Ele está no quarto e nunca dorme
Vira porta, vira portal
Virou lençol
Fui dormir com uma pergunta e acordei contente
De repente se fez presente
O primeiro arcano sobre o sol.

caminho

aquela noção de chuva
quando ainda nubla.
regar já foi
coragem de nuvem.
stalkeio
mas quando tem
vai hackeio
poeirinha que anda pra frente demais vento espalha
pisa
joga na terra
afofa
não se mistura
decompõe
renasce loka da cavala
sem arreio
desde cedo galopava meio mundo de corpo
quando o tambor bate no coro e no cora do tempo,
o desaviso não desorí
ente